Imagine se nós, homens, fôssemos apenas o corpo com que
vivemos neste mundo _ seria um deleite para os
materialistas...
Felizmente, este
fato não procede. Sabemos que o corpo físico do homem,
dos animais e vegetais é formado exclusivamente de
matéria, assim como os demais corpos da natureza; e que
essa matéria recebe a mais o influxo energético de uma
substância organizadora _ o princípio vital, o que lhe
confere o dinamismo da vida.
Numa análise mais profunda, notamos que no
homem existe algo mais do que matéria e princípio
vital. O homem pensa, age, concatena idéias, constrói
raciocínios, tem consciência plena de sua existência,
fato que não ocorre na mais bela árvore, nem no mais
inteligente animal e muito menos no mais magnífico
diamante.
Escreveu Descartes: “penso, logo existo”. O que
teria passado na mente brilhante deste filósofo ao
escrever esta frase genial? Isto: “minha matéria por si
mesma não pensa, logo, existe algo mais em mim além do
meu corpo, que é o agente do meu pensamento e que me faz
portar como um ser inteligente”. É um raciocínio lógico
e bastante racional, o qual deveria ser suficiente para
que todos tivéssemos consciência de que somos
Espírito, isto é, somos um ser imaterial, real,
independente do corpo que habitamos, posto que somos
imortais.
Ao longo de nossa história aconteceram e
acontecem manifestações do plano espiritual, dando ao
homem as provas irrefutáveis de que nele vive um
Espírito e que o mesmo sobrevive à morte do corpo.
Provas estas que foram pesquisadas e investigadas com
todo o rigor que a Ciência exige, por numerosos sábios
de todos os séculos; e dentre eles, Allan Kardec, que,
movido inicialmente pela curiosidade, depois pelas
evidências do caráter inteligente assumido pela revoada
de fenômenos espíritas do século IX, passou-se a
interessar e, mais tarde, a dedicar-se profundamente ao
seu estudo, como dos demais fatos espíritas, deduzindo
deles e sob a orientação dos próprios Espíritos, as
conseqüências morais, filosóficas e científicas que
constituiu o todo o admirável corpo doutrinário do
Espiritismo.
Sim, é fato comprovado que existe o Espírito,
que ele sobrevive à morte do corpo e que intervém no
mundo corporal, influenciando-o e se comunicando com o
mesmo. Os espíritos intervêm de tal sorte, que, além de
influenciarem nossos pensamentos e atos, muitas das
vezes são eles que nos dirigem, seja para o mal ou para
o bem, conforme fluem nossos pensamentos e eles afinizam
entre si, estabelecendo-se assim, uma reciprocidade
constante de intercâmbio.
A comunicação dos Espíritos com os encarnados é
um fato tão antigo como o “andar para frente”, apenas
com a diferença de que no passado era um atributo dos
iniciados da época, e, atualmente, com o advento do
Espiritismo, o fenômeno da Mediunidade tornou-se um fato
generalizado, pois que a entendemos como uma
faculdade inerente ao homem.
O médium, segundo Kardec, é “todo aquele que
sente, num grau qualquer, a influência dos espíritos
(...)”, LE. Como vemos, são raríssimas as pessoas que
não possuam sequer rudimentos de mediunidade. Vale a
afirmativa todos somos médiuns, não importando a
raça, a idade, posição social e muito menos a religião,
porquanto, a mediunidade não é exclusividade do
Espiritismo e sim, atributo de toda criatura. Verdade é
que, dentro da Doutrina Espírita ela encontra um sentido
mais elevado e disciplinado.
Entretanto, algumas pessoas a possuem num grau
mais exacerbado e bem caracterizado, decorrente de uma
organização física mais sensitiva. É patente que a
percepção das influências espirituais está na
dependência direta do fenômeno mental da sintonia.
Nossos pensamentos, sejam eles quais forem, se
exteriorizam e entram em comunhão com a faixa vibratória
e idéias de igual qualidade, estabelecendo assim a
sintonia mediúnica. Atraímos assim, espíritos que se
afinizam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos.
Portanto, é imprescindível enriquecer o pensamento,
recheando-o de vibrações de amor e bagagem moral.
Ao longo da História, presenciamos fabulosos
médiuns como Joana D’arc, Francisco de Assis, Lutero,
Tereza D’ávila, Sweedemborg, Andrew J. Davis, etc. Com o
Cristianismo conhecemos a sublime mediunidade de Jesus,
cuja intensidade era proporcional ao seu adiantamento
moral, bastando observar que o mestre curava apenas com
sua doce presença e, posteriormente, seus apóstolos
continuaram na jornada mediúnica e na propagação da sua
Doutrina do Amor.
O dom mediúnico deve ser encarado como uma
conquista evolutiva e voltado para fins de progresso e
felicidade individual e coletiva. É mister que o médium
trabalhe sua reforma íntima, almejando aprimorar e
edificar seu trabalho para o bem, assim reunindo
condições plenas para exercer a MEDIUNIDADE COM JESUS.
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